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A casa, o íntimo e o público

Ana

HORTIDES

Inés

VERDUGO

e

Brasil 1989

Guatemala 1983

A artista Ana Hortides propõe uma revisão da "casa", em suas diferentes versões, enquanto  lugar de construção como um espaço vital no qual podemos arquitetar nosso imaginário afetivo. De acordo com Inés Verdugo, “o lar é o primeiro universo do indivíduo e tem a capacidade de guardar lembranças, sendo o lugar onde recaem os pensamentos e se formam as primeiras imagens”. Então a casa é nossa primeira construção de discernimento, é o lugar onde as mulheres enfrentam formas de opressão e em resposta começam a criar formas de resistência, essa resistência se transforma em luta e quando essas lutas passam a ser organizadas coletivamente, o íntimo se torna público, gerando uma série de estímulos que levam a movimentos em favor de nossos direitos.

A conquista do voto feminino no Brasil em 1932 garantiu que as mulheres tivessem o direito de fazer parte das decisões políticas, foi resultado de uma luta que durante anos enfrentou a ideia de que elas não fossem capazes de tomar decisões, muito menos atuar no ambiente político, devendo limitar-se exclusivamente ao cuidado do lar. Outros direitos conquistados foram o de poder exercer a profissão para a qual tinham estudado e o direito ao divórcio. 

O Brasil foi o primeiro país da América Latina a apoiar o movimento sufragista, fazem 90 anos desde que as mulheres brasileiras conquistaram o direito de participar do processo eleitoral. Na Guatemala, os direitos das mulheres pela participação e representação na política nacional foram concedidos em 1945, com 13 anos de diferença entre os dois países.

Para poder votar a mulher precisava cumprir uma série de pré-requisitos, tais como ser casada ou viúva, ser maior de idade, saber ler e escrever e ter renda ou capital num valor determinado pela lei eleitoral. Obviamente essas restrições acabavam por impedir tanto as mulheres solteiras quanto algumas mulheres indígenas de exercer suas cidadania, foi com muita luta e perseverança que essas exigências foram caindo por terra.

Apesar dos avanços pela democracia, os lugares das mulheres na participação da política nacional ainda são muito pequenos e a cada ano se torna mais evidente a importância dessa representatividade.

As diferentes formas de abordagens dos temas e as escolhas dos materiais dos projetos artísticos têm o objetivo de abrir o espectador à reflexão, de propor um momento para questionar e pensar sobre seu contexto atual, em como ele é afetado ou pode afetar nossos pares. A arte sempre será um instrumento para a construção da memória, da crítica e da introspecção para que a partir dela, a partir da nossa casa e do nosso íntimo possamos discernir com autonomia como serão escritos os próximos capítulos da nossa história e possamos também participar ativamente da construção dos próximos capítulos de nossos países.

Ana HORTIDES

O menor abrigo #4, 2017
O menor abrigo #1, 2015, açúcar
O menor abrigo #2, 2015
O Menor Abrigo #5, 2017

Inés VERDUGO

Dulce Hogar, 2018
Dulce Hogar, 2018
Dulce Hogar, 2018
Dulce Hogar, 2018
Dulce Hogar, 2018
Dulce Hogar, 2018
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