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Voluspa Jarpa

CHILE

1971

Nascida em 1971 em Rancagua, Chile, vive e trabalha em Santiago, também no Chile. Trabalha com as questões voltadas para a história e suas representações na arte, tendo interesse particular na experiência individual em tensão com discursos públicos. Desde 1991, observa e procura os traços materiais entre fatos históricos e a cidade. Para este desenvolvimento, desenvolve uma série de pinturas, fotografias e técnicas gráficas, que trata de terrenos baldios localizados no centro de Santiago.
Desde 1994, comecei a se relacionar, conceitualmente, a dois sistemas criados com a finalidade de narrativa antagônica, eles são: o relato histórico do discurso público como uma convenção de eventos traumáticos coletivos e o caso subjetivo da fala, através da “doença” que dá origem a psicanálise: histeria. A partir disso, sua pesquisa se concentra em criar uma sobreposição entre Histeria e História, suas linguagens, mecanismos e imagens que a permitem torná-las visíveis.
Hoje, seu interesse está focado na noção de trauma, que entende como um evento que possibilita a invenção de uma linguagem - se torna a produção de choque difícil de assimilar os fatos, tanto no sentido individual quanto coletivo. Sua pesquisa em torno disso refere-se à busca de estratégias materiais e conceituais para perceber o evento traumático como uma anomalia na própria linguagem, seja texto ou imagem. A construção dessas noções de história coletiva (discursos e documentos históricos, emblemas da cidade e patrióticos) e sua junção com a somatização subjetiva (imagem, cruz, rasuras) permite a artista encontrar e trabalhar em uma fronteira entre texto e imagem.
Jarpa realizou várias obras a partir de arquivos sobre o Chile e outros países latino-americanos revelados pelos Estados Unidos. Em todos os casos, analisa o que foi apagado e chama a atenção para a imagem resultante do documento que sofreu intervenção: uma imagem que expressa tanto a construção de visibilidades quanto a potência poética e política dos usos do arquivo, e que cria sombras no presente.
Para Jarpa, é sintomático o fato de que, antes da liberação desses documentos ao acesso público, em todos eles haja trechos que foram riscados. Isso pode ser interpretado como o comportamento histérico que, na psicanálise freudiana, designa a impossibilidade de lidar com o trauma. Para Sigmund Freud, o trauma é um relato arquivado e negado, e o sintoma, um arquivo cifrado. Aos riscos dos documentos originais, a artista soma a estrutura da instalação, que impede que o espectador tenha acesso aos documentos que estão diante dele, podendo apenas vislumbrar os que estão em segundo e terceiro planos. Dessa maneira, experimenta-se uma possibilidade como impossibilidade, o que remete a uma promessa de revelação que, na verdade, se concretiza como repressão.

Fonte:

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